Sem citar nome, Lula sugere que Eduardo Bolsonaro foi aos EUA pedir para Donald Trump dar 'golpe' no Brasil
17/07/2025
(Foto: Reprodução) Lula sugere que Eduardo Bolsonaro foi aos EUA pedir para Trump dar 'golpe' no Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (17) que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) – a quem se referiu como "filho do coisa" – foi aos Estados Unidos pedir ao presidente do país, Donald Trump, para dar um golpe no Brasil.
"Esses dias o presidente Trump, não sei porquê, talvez por um pedido do coisa, talvez por um pedido do filho do coisa – o filho do coisa é deputado e pediu licença para ir lá pedir por Trump dar um golpe no Brasil – e o Trump mandou uma carta para mim desaforada", disse Lula.
O presidente também afirmou que a carta de Trump foi "desaforada". Ainda de acordo com o presidente, o Brasil vai dar uma resposta ao tarifaço de 50% dos Estados Unidos em 1º de agosto – quando as taxas norte-americanas entrarão em vigor.
"Nesse pais a lei vale para todo mundo, ninguém é melhor do que ninguém. Nós vamos continuar trabalhando, vamos dar um tempo, estamos estudando, juntando empresários, estamos discutindo com empresários americanos porque quando chegar 1º de agosto a gente vai dar uma resposta. Porque dia 16 de maio mandamos uma carta para o governo americano e até agora nós não tivemos a resposta a não ser essa carta desaforada", afirmou o presidente.
Trump em defesa de Bolsonaro
Lula rebateu as críticas de Donald Trump à condução do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Quem vai condenar o Bolsonaro não é o presidente, é a Suprema Corte brasileira. O Bolsonaro tentou dar um golpe no país, ele tinha um plano para dar golpe, para matar Lula, Alckmin e Moraes. O Bolsonaro vai ser julgado e se for condenado o lugar dele é o no xilindró", afirmou.
Trump pediu a brasileiros que votem em Bolsonaro nas eleições de 2022
Alan Santos/PR via BBC
Nesta quinta-feira (17), Donald Trump voltou a criticar o processo contra Jair Bolsonaro em uma carta endereçada ao ex-presidente em que o defende e faz críticas à Justiça brasileira.
"Eu vi o terrível tratamento que você está recebendo nas mãos de um sistema injusto voltado contra você. Este julgamento deve terminar imediatamente!", afirma Trump.
Resposta do Brasil
O governo criou um comitê interministerial para discutir sobre a adoção de contramedidas provisórias e acompanhar as negociações para superar as medidas unilateralmente impostas pelo governo norte-americano, como no caso do tarifaço de Trump.
Além disso, enviou nesta quarta-feira (16) uma nova carta ao governo dos Estados Unidos na qual manifestou "indignação" com a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, informou estar disposto a negociar e cobrou resposta a uma outra mensagem enviada em maio.
📄Segundo o governo, a carta enviada em maio continha uma proposta confidencial sobre possibilidades de negociação de tarifas comerciais.
A nova carta afirma às autoridades americanas que o Brasil acumula com os EUA "grandes déficits comerciais" em bens e em serviços e acrescenta que, nos últimos 15 anos, esse saldo negativo para o Brasil chegou a quase US$ 410 bilhões, segundo dados do próprio governo americano.
Os números desmentem o argumento de Trump que, ao justificar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros na semana passada, afirmou que a relação comercial dos EUA com o Brasil é "injusta" e causa déficits comerciais à economia americana.
Ataques ao Pix
Nesta terça-feira (15), o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos anunciou uma investigação contra o Brasil a pedido de Donald Trump. O governo não cita nominalmente o Pix, mas fala em "serviços de comércio digital e pagamento eletrônico", inclusive aqueles do governo.
O Pix é o único sistema do governo com essa finalidade.
Lula comentou a decisão e afirmou que Trump está incomodado com o sistema de pagamento brasileiro e que não tem porque "ficar dando palpite nisso".
"O Pix vai acabar com o cartão de credito nesse país, é por isso que ele está incomodado com o Pix. A gente vai criar o Pix parcelado. É uma coisa do brasil, não tem porque ficar dando palpite nisso", afirmou o presidente.