Lula diz que crime organizado é uma 'indústria nacional' e aponta que 'parte da polícia é conivente'
02/07/2025
(Foto: Reprodução) Comentário foi feito após presidente ser questionado sobre a violência na Bahia. Estado teve a segunda maior taxa de morte entre jovens em 2023, segundo o Atlas da Violência 2025. Lula comenta segurança pública na Bahia e no país
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o crime organizado é uma "indústria nacional" ao ser questionado sobre a violência na Bahia. A declaração foi feita durante entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, da TV Bahia, nesta quarta-feira (2).
"Eu acho que o crime organizado hoje é muito grave, porque é uma indústria nacional e tem braços nos poderes judiciário, político... [no] futebol, em tudo que é lugar. Tem um braço internacional", destacou.
📲 Clique aqui e siga o perfil do g1 Bahia no Instagram
Com isso, ele defendeu que haja mais profissionalização para enfrentar o crime organizado. "Existe inteligência para que a gente possa combater esse mal que é uma chaga no mundo inteiro. No Brasil, ela cresce, porque em alguns estados, muita parte da polícia é conivente com isso", completou o presidente.
A Bahia foi o estado com a segunda maior taxa de morte entre jovens em 2023, segundo o Atlas da Violência 2025, divulgado em maio deste ano e construído em parceria entre o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
LEIA TAMBÉM:
Lula fala sobre expectativa para acordo comercial entre Mercosul e União Europeia: 'Vai ser o maior da história'
Lula comenta projeto para construção da Ponte Salvador-Itaparica: 'Foi um parto'
Presidente Lula comenta sobre projeto de lei que prevê tornar 2 de Julho data nacional: 'não será feriado'
A mortalidade de jovens no território baiano é 12 vezes maior que a de São Paulo, estado com o maior número de habitantes do Brasil e onde foi registrada a menor taxa em 2023.
Em números absolutos, a Bahia liderou o índice de homicídios no Brasil em 2023. Somente naquele ano, foram registrados 6.616 óbitos.
"O que estamos precisando é encontrar uma fórmula, porque não tem mágica. É uma fórmula civilizatória, é um entendimento entre os governos federal e estadual para saber onde cada um participa", avaliou o presidente.
Presidente Lula participou do Jornal da Manhã, na TV Bahia
Reprodução/TV Bahia
A Bahia registra casos de violência diariamente. Na madrugada de domingo (9), dois jovens morreram e nove pessoas ficaram feridas após um ataque a tiros no bairro do Alto do Cabrito, em Salvador. Uma jovem grávida segue internada em estado grave. As outras vítimas já receberam alta hospitalar.
Outros casos de grande repercussão na Bahia foram as mortes dos jovens Matheus Rodrigues de Souza, de 24 anos, e Anna Luiza Lima Brito, de 21, na cidade de Eunápolis, no extremo sul do estado.
Anna Luiza é apontada como responsável por levar Matheus a um mercado e indicar para o autor do crime que ele estava no local. A polícia acredita que a morte dela pode ter sido motivada por vingança. A suspeita é de que a jovem foi sequestrada e esquartejada depois que um grupo criminoso do qual o rapaz fazia parte descobriu a traição.
A Polícia Civil investiga se o crime é decorrente da disputa por território entre facções criminosas.
Emboscada, vingança e arrependimento: o que se sabe sobre morte de jovem após assassinato em mercado na Bahia
o que estamos precisando é cuidar de encontrar uma fórmula, porque não tem mágica, é uma fórmula civilizatória, é um entendimento entre os Governos federais e Estaduais para saber onde é que cada um participa.
Reprodução/Redes Sociais
Ação da Força Nacional
Agentes da Força Nacional de Segurança Pública foram enviados pelo governo federal para Porto Seguro, no extremo sul da Bahia, em abril deste ano, para reforçar a segurança em áreas de conflitos entre indígenas e fazendeiros. O grupo permanecerá no município por 90 dias.
⚠️ A Força Nacional de Segurança Pública é um programa de cooperação de Segurança Pública brasileiro, coordenado pelo Ministério de Justiça e Segurança Pública. Ela é composta por policiais militares, bombeiros, policiais civis e peritos, e é acionada em situações de emergência.
No dia 4 de abril, João Celestino Lima Filho, de 50 anos, foi morto durante um conflito fundiário em uma fazenda na cidade de Prado, no extremo sul da Bahia. Segundo a polícia, 20 indígenas da Aldeia Reserva dos Quatis, pertencentes ao território Comexatibá, entraram na fazenda com o objetivo de retomar a área.
No mesmo período, um grupo de ocupou a entrada do Parque Nacional do Descobrimento, também localizado na cidade de Prado. O grupo, que se identificou como juventude do Território Indígena Pataxó de Comexatibá, ficou cerca de 20 dias no local. O objetivo era para pedir a homologação da terra indígena Comexatibá, que é alvo de disputa judicial há alguns anos.
Agentes da Força Nacional reforçam segurança em áreas de conflitos indígenas na Bahia
Reprodução/TV Santa Cruz
Durante a entrevista ao Jornal da Manhã, Lula explicou a atuação dos agentes nos estados.
"As forças de segurança só entram quando o estado precisa e pede. A gente não faz intervenção com a força de segurança. Se tiver um conflito que a polícia local não está dando conta, porque em alguns estados a polícia local se coloca ao lado de um dos lados, normalmente do lado do mais forte, então a força nacional entra", esclareceu.
Veja mais notícias do estado no g1 Bahia.
Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻